11 de mai. de 2012

os primeiros girassóis, I


seis meses antes de deixar paris e ir para arles - e, para variar, após uma sucessão de decepções e incidentes mais comitrágicos do que tragicômicos -, vincent entra em mais uma daquelas espirais de introspecção. resolve concluir uma série de pinturas de flores que tinha interrompido. e a flor que escolhe é justamente aquela que vai inaugurar uma prolífica sequência posterior: o girassol.

nessa ocasião (agosto-setembro 1887), faz uma série de três. eis a primeira, interpretada pelos biógrafos da seguinte maneira:
Para a primeira imagem, ele simplesmente cortou as hastes e pôs as duas flores fanando, já quase murchas, em cima de uma mesa. Colocou as duas viradas para frente e ampliou até que ocupassem a tela inteira, para que a obsessão de seu pincel pudesse explorar cada detalhe do fenecimento: o núcleo das sementes desperdiçadas, a fímbria trêmula das pétalas, as folhas ressequidas. Pintadas em amarelos emaciados, em verdes adstringentes e uma chuva de riscos vermelhos, elas sintetizam num demorado close-up a evanescência da perfeição. 
ei-la: